Deslocal
30 novembro – 01 dezembro 2019
Exposição inaugural no Olhão.
Foto: Henrique Hennies
Foto: Henrique Hennies
Texto por
Olivia Abrahão
Duto, em sua exposição inaugural, pergunta:
o que expomos quando expomos arquitetura? Como expor algo tão grande e complexo
como um edifício ou uma cidade e, ao mesmo
tempo, comunicar algo tão elusivo como uma
experiência arquitetônica que se desdobra
(ou se revela) no tempo e no espaço? De que
forma abordar ou representar, no contexto de
uma exposição, algo cuja natureza é externa
e não necessitaria, a princípio, de superfícies
ou dispositivos para ser apresentada? Pode
o conceito de non site do artista americano
Robert Smithson nos ajudar a entender este
paradoxo? Afinal, ele propunha a transgressão da ideia de fronteira da galeria através de
mapas e fotografias que indicavam o verdadeiro local em que as obras se davam - o exterior.
Esse caráter expositivo, de alguma forma, lida
sempre com as noções de deslocamento e
falta. Se arquitetura ainda é tida somente como
construção com tijolos e argamassa, os trabahos expostos nunca serão “o verdadeiro” objeto, mas a representação de uma ideia que foi
transposta do seu lugar “real” e ainda assim estará sempre ausente do contexto da exposição.
Deslocal surge como um mediador que desafia a estabilidade da ideia pré-concebida de arquitetura como objeto facilmente transportável e deslocado de seu contexto. Assim, nos abre um amplo campo de possibilidades sobre como ela é feita, vivenciada e discutida.
Por permearem as noções de espaço, materialidade e linguagem em suas pesquisas, um
primeiro grupo de artistas e arquitetos foram
convidados a integrar a discussão proposta por Deslocal. André Komatsu, Frederico Ravioli,
Maria Noujaim, Metade e Vão participam da
mostra através de proposições espaciais, que
foram pensadas para o contexto específico da
laje do Olhão, um local que contém relações diretas com a cidade que o envolve. A laje, além
de subverter a ideia de um espaço expositivo
ideal, serve como um gatilho para os próprios
trabalhos que, por sua vez, se apoiam em conceitos como limite, efemeridade, transposição,
distinção, regra e gesto.
Por seu caráter experimental, não se sabe ao certo o efeito que as obras de natureza inédita terão uma sobre a outra, qual será a influência do clima ou da própria presença do público; o resultado é tanto inesperado quanto efêmero, e talvez por isso ainda mais instigante. Interessa obviamente o momento expositivo - mas tanto quanto ele, os desdobramentos que virão a posteriori, bem como o diálogo entre profissionais de práticas variadas que encontram naarquitetura um ponto de contato fértil.
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Créditos das imagens:
01, 02, 03, 06, 08, 09 Pedro Cunha
04 Eleonora Aronis
05 Julia Thompson
01, 02, 03, 06, 08, 09 Pedro Cunha
04 Eleonora Aronis
05 Julia Thompson